Uma grande celebração. Assim foi o adeus a Washington Rodrigues, um dos maiores propagadores de sorrisos da história da comunicação. Embora a morte tenha de Apolinho tenha feito os presentes à sede do
Flamengo, na Gávea, derramarem lágrimas, não faltou alegria entre ex-companheiros de rádio e importantes nomes do futebol.
Às 15h47, após a maior parte dos presentes cantar o hino do
Flamengo, o corpo de Washington Rodrigues, que estava enrolado por uma bandeira do clube e com uma pequena réplica da Libertadores acima de suas mãos, deixou a Gávea sob os gritos de “Ah, é Apolinho!”.
Emocionados, os filhos Bruno, Washington e Patrícia estiveram perto do pai em grande parte da cerimônia realizada dentro do clube que é uma das maiores paixões de Apolinho.
Dos narradores José Carlos Araújo, o Garotinho, e Luiz Penido, os dois maiores companheiros de Apolinho em transmissões esportivas, saíram as palavras mais lindas da tarde no
Flamengo.
– Deixa uma lacuna enorme em todos nós. Brincando com os companheiros, tirando sarro de um e de outro. Sempre bem humorado. Deixa muita saudade. (O legado é) que o bom humor não tira credibilidade – disse Garotinho.
Muito emocionado durante todas as homenagens, Luiz Penido lançou mão de neologismo e de hipérboles para dimensionar o quanto o amigo era
Flamengo. E, mesmo muito sentido e com as mãos trêmulas, abriu um sorriso mostrando o orgulho de ter narrado o último jogo que Apolinho ouviu na vida, a goleada por 4 a 0 sobre o Bolívar.
– O Apolinho é tudo. Só não é uma coisa que eu pensava, que é
“imorrível”
. Porque imortal ele é. Nunca vai ser apagado. Ele foi meu super amigo desde o primeiro dia da minha carreira. Ele morreu me ouvindo, em um jogo que o
Flamengo venceu. Ele deixa um legado, uma marca na imprensa, na comunicação, nos jornais – afirmou Penido.
A cerimônia foi aberta ao público. Além de familiares, amigos e fãs, ex-jogadores como Bebeto e Zé Mario também compareceram à despedida de Apolinho, que morreu durante a partida entre
Flamengo e Bolívar, na última quarta-feira, pela Libertadores, aos 87 anos. Emocionado, o camisa 7 do Tetra não quis dar entrevista.
Além de consagrado jornalista que marcou gerações com seus comentários nas rádios Globo e Tupi, Washington era muito
Flamengo.
O vice-presidente rubro-negro Rodrigo Dunshee de Abranches, Bruno Spindel (diretor executivo), Diogo Lemos (Conselho de Futebol) e o mandatário do clube, Rodolfo Landim, que colocou uma coroa de flores em homenagem ao ícone do rádio, estiveram no local para homenagear Apolinho.
– Vamos pensar em mais uma forma de homenagear. Ontem (durante o jogo com o Bolívar), a gente queria ter feito uma ação após o jogo, mas era data da Conmebol, e há uma série de restrições. Ficamos chateados de não poder fazer uma homenagem com a nossa torcida presente – afirmou Landim.
Gerson, o Canhotinha de Ouro, ex-jogador do
Flamengo, um dos maiores jogadores de todos os tempos e comentarista esportivo, também esteve no local. Outros históricos rubro-negros marcaram presença, como Evaristo de Macedo, um dos maiores atacantes de todos os tempos do clube e também ex-treinador, além do prata da casa Nélio, ex-ponta conhecido por sua raça dentro de campo.
Presidente responsável por contratar o radialista como treinador do
Flamengo em 1995, Kléber Leite foi ao local prestar a última homenagem ao amigo.
Outro ícone do jornalismo brasileiro e igualmente rubro-negro, o professor Roberto Assaf foi um dos primeiros a chegar ao velório.
Criador de diversos bordões com uma linguagem popular que conquistou ouvintes no rádio carioca ao longo de décadas, o comentarista Washington Rodrigues fez dupla marcante com o Garotinho, na Rádio Globo, e Luiz Penido, na Rádio Tupi.
Os ex-treinadores Antônio Lopes, junto ao filho Lopes Júnior, Joel Santana e Alfredo Sampaio marcaram presença.
Normalmente, o
Flamengo não permite que pessoas entrem no clube vestindo a camisa de rivais, porém foi autorizado excepcionalmente para o velório do radialista.
Torcedoras do Fluminense e do Vasco entraram uniformizadas na sede da Gávea para se despedirem de um dos ícones do jornalismo esportivo brasileiro.
Apolinho também ficou marcado por uma “previsão” feita durante a transmissão da Super Rádio Tupi da final do Campeonato Carioca de 2001, em 27 de maio daquele ano. Antes de Petkovic cobrar a falta e marcar o golaço que garantiu o tricampeonato do
Flamengo sobre o Vasco, Apolinho afirmou:
– E acaba de chegar São Judas Tadeu.
A aventura no comando do
Flamengo é a passagem mais marcante de Washington Rodrigues longe do jornalismo. Ele contou ao jornalista Vinícius Castro, do UOL, em 2015 como virou treinador:
– Estava jantando com o Vanderlei Luxemburgo, e o Kleber Leite me convidou para encontrá-lo em um restaurante. Imaginei que queria conselhos sobre o momento do time e fui preparado para sugerir a contratação do Telê Santana. Ninguém queria pegar o
Flamengo. O papo varou a madrugada. Até que por volta das 3h30 havia um prato virado na mesa e sem uso.
Além da aventura à frente do
Flamengo em 1995, Washington, novamente “convocado” por Kleber Leite, voltou ao clube três anos depois para assumir o cargo de diretor de futebol.
Washington Carlos Nunes Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro em, no dia 1º de setembro de 1936. Desde cedo, virou um amante do futebol e sempre se orgulhou em dizer que organizava saídas da escola para frequentar o Maracanã. Foi bancário na juventude.
O apelido Apolinho foi dado para o seu microfone pelo locutor Celso Garcia, em alusão aos equipamentos usados pelos astronautas da missão à Lua Apollo 11. Não demorou para virar a sua marca.
Apolinho trabalhava na Super Rádio Tupi. No último mês de fevereiro, o Show do Apolinho completou 25 anos.
Ninguém está um “pinto no lixo” com a partida de Apolinho, mas as quase quatro horas de homenagem dentro do
Flamengo que ele tanto amou foram como “chocolate” que o time dele aplicou no Bolívar. Uma goleada de lembranças, abraços e de figuras importantes do futebol.
Valeu, Apolinho! Obrigado por fazer tanta gente se apaixonar pelo jornalismo. Como disse Garot
Fonte: netfla.com.br