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“Quebra-cabeça: jogo que consiste em combinar diferentes peças para com elas formar um todo”.

E se a partida deste domingo no Nilton Santos fosse um jogo de quebra-cabeça, podemos dizer que o

Flamengo

não encontrou as peças – e a estratégia necessária – para vencer o Botafogo. Aliás, pelo contrário, levou um baile do rival às vésperas de uma decisão na Libertadores, que contará com altitude de La Paz. Mas, primeiro, vamos falar do clássico e da goleada sofrida pelo Rubro-Negro.

Tite foi para o jogo já sem seis peças do quebra-cabeça: Pedro e Gabigol (lesões musculares), Cebolinha (tendão de aquiles), Viña (tíbia e joelho) e Luiz Araújo, que foi cortado da relação por conta de fadiga muscular, e Pulgar suspenso. O cenário já era ruim, mas conseguiu ficar pior logo nos primeiros quatro minutos de jogo.

O Botafogo abriu o placar com dois minutos, logo no primeiro ataque, com Marlon Freitas levantando um bolão na área e Mateo Ponte invadindo a área nas costas de Ayrton Lucas e Bruno Henrique. O lateral cabeceou no cantinho de Rossi, e o

Flamengo

viu o fantasma da bola aérea se fazer presente em mais uma partida do Brasileirão.

Arrascaeta deixa o gramado com dores em Botafogo x Flamengo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Aos quatro, Arrascaeta sentiu dores no adutor da coxa esquerda, pediu para sair e, ao que tudo indica, deve aumentar a lista dos lesionados. Victor Hugo foi o substituto. Sem Pedro ou Gabigol, Carlinhos foi a aposta no ataque. Sem Pulgar e De la Cruz (que ficou no banco, mas Tite revelou que não tinha condição de jogo), Allan e Léo Ortiz formavam o meio-campo.

Rossi, Wesley, Fabrício Bruno, David Luiz, Ayrton Lucas; Allan, Léo Ortiz, Arrascaeta (Victor Hugo), Gerson, Carlinhos e Bruno Henrique.

Foi um verdadeiro quebra-cabeça para ter o

Flamengo

em campo. Mas um quebra-cabeça que não conseguiu um bom encaixe, e isso também está diretamente ligado a algumas decisões de Tite e sua comissão técnica.

Após abrir o placar, o Botafogo tinha muita liberdade, foi superior e seguiu pressionando. Foram pelo menos duas finalizações perigosas logo na sequência, com Marlon Freitas e Gregore. E foi praticamente no primeiro ataque que o

Flamengo

conseguiu marcar: Léo Ortiz achou um lindo lançamento para Bruno Henrique, que ganhou na velocidade e colocou a bola no fundo da rede.


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A partir disso, o

Flamengo

se encontrou e passou a controlar a partida – ou pelo menos dividir o controle com o Botafogo. Ayrton Lucas ficou perto de marcar o segundo gol com uma bomba que balançou a rede pelo lado de fora e quase esboçou uma reação da torcida rubro-negra, e com Carlinhos que chutou por cima do travessão quando esteve cara a cara com John.

O primeiro tempo terminou equilibrado inclusive em posse de bola: 52% para o Botafogo e 48% para o

Flamengo

. Pode-se dizer que o “apagão” rubro-negro veio na segunda etapa, quando ficou nítido que o elenco enxuto se traduziu em poucas peças para combinar no quebra-cabeça. E quando uma decisão da comissão técnica mudou – e comprometeu – o rumo da partida.

Léo Ortiz era o melhor jogador do

Flamengo

quando o time conseguiu minimamente se encontrar em campo. Foi o zagueiro volante que deu assistência para Bruno Henrique e que organizava a saída de bola e, ainda assim, se mantinha atento a marcação. E foi justamente nele que Tite mexeu.

Gerson só podia atuar 45 minutos e não voltou do intervalo. Evertton Araújo entrou no lugar do capitão. Léo Ortiz passou a jogar mais recuado justamente no momento em que o time perdeu a sua referência técnica de 2024: Gerson. A mudança no esquema fez o

Flamengo

perder quem conseguiu se sobressair em uma noite pouco inspirada do time: Ortiz.

Foi assim que o Botafogo reencontrou o controle da partida e Arthur Jorge conseguiu fazer seus jogadores bailarem no Nilton Santos. O

Flamengo

mesmo com três volantes e três zagueiros conseguiu ficar vulnerável e, a medida que os minutos passavam, a questão física também pesava para os rubro-negros. A intensidade e a rotação justificam a soberania adversária neste domingo.


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O Botafogo teve 15 finalizações no segundo tempo – sendo 10 em pouco mais da metade da segunda etapa. O segundo gol saiu aos oito minutos quando Almada estava livre na esquerda e invadiu a área para chutar. A bola desviou em três jogadores do

Flamengo

antes de ficar limpa para Igor Jesus marcar.

Os outros dois gols que transformaram o clássico em goleada só foram acontecer nos minutos finais, com Matheus Martins marcando duas vezes em 10 minutos. O cenário só não foi uma verdadeira catástrofe com uma goleada (ainda mais) histórica porque Rossi, apesar de um primeiro tempo inseguro, conseguiu defender um pênalti e fazer algumas boas defesas na segunda etapa.

O fato é que esta foi a primeira goleada sofrida pelo

Flamengo

de Tite, que está vivo na Copa do Brasil e tem dois gols de vantagem para se manter vivo também na Libertadores na quinta-feira. Fica a dúvida se o elenco que se desenha enxuto – sem pelo menos quatro jogadores até setembro – aguentará a sequência. Fica a dúvida se o treinador e sua comissão técnica encontrarão as peças para este quebra-cabeça.

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Fonte: netfla.com.br