O 6 a 1 aconteceu ao natural e talvez seja isso que mais impactou no clássico que marca uma página na história do Brasileirão. Depois que o Vasco abriu o placar e o Flamengo decidiu acelerar um pouco o passo, a diferença foi gritante entre os dois times. Essa não foi uma daquelas goleadas fruto de um dia ruim de uma equipe que, por conta do azar, erra tudo em campo. Pelo contrário, os desempenhos de Flamengo e Vasco foram de acordo com o que se vê de consistência nas duas equipes.
Os elencos são bem distintos e isso é evidente. Mas já tem um tempo que o material humano que dispõe o Flamengo é bem superior ao do Vasco, reflexo da capacidade financeira dos dois clubes. Mesmo assim, o Vasco conseguiu fazer partidas equilibradas contra o mesmo adversário em momentos recentes. Fato é que sempre fez isso amparado pelo estado anímico de superação, combinado com o empurrão da torcida e com um treinador que conseguia, no mínimo, preparar o time para ser organizado defensivamente. Desta vez, com um treinador que acabou de chegar, o Vasco não tinha estrutura tática para ser mais competitivo – não havia muito o que Álvaro pudesse ter feito com tão pouco tempo de trabalho. Somado ao fato do excelente treinador que tem o Flamengo, na parte tática não teve nem briga.
Diferença entre elencos e treinadores exposta, os momentos dos clubes também são completamente diferentes fora de campo. O Vasco vive um embate seríssimo de tentar recuperar de forma definitiva o comando do futebol a fim de encontrar um novo investidor, de viabilizar suas contas e de ter capacidade para competir por talentos no mercado.
E esse é só o início da conversa. Uma vez que recuperar a SAF definitivamente, vai precisar encontrar um novo dono, desta vez mais alinhado à cultura do clube e com conhecimento de gestão de clube de futebol. A partir disso, acertar no planejamento: objetivos, identidade de jogo, atletas. Estamos falando de um recomeço para o Vasco da Gama e do tempo que leva para essa reestruturação dar resultado.
Flamengo e Vasco, hoje, são dois gigantes separados por um abismo. O lado cruz-maltino pode até equilibrar os clássicos na base da raça e da superação, mas para ser competitivo de verdade e abandonar a melancolia de se manter na elite graças ao grito do torcedor da arquibancada, vai precisar conduzir logo o processo de reconstrução.
Dedicado a se tornar viável administrativamente nos bastidores, o Vasco sofre em campo as consequências de tantas decisões erradas de muitos anos. Quanto ao Flamengo, tendo a enorme receita que gera jogando ao seu favor, entendeu bem rápido quando o futebol de alto nível exigiu profissionalismo na tomada de decisão e aplicou isso na hora de montar seus elencos. Impulsionado pela saúde financeira, mesmo quando não é tão criterioso assim, consegue manter uma estrutura competitiva.
Fonte: netfla.com.br