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A capacidade de articular e expressar ideias colaboraram para que Danilo, aos 32 anos, assumisse o posto de capitão da seleção brasileira. Porém, o lado mais intelectualizado também rende brincadeiras com o lateral, como ele mesmo reconhece:

– Às vezes eu sou o palestrinha, né? (risos), o que dá palestras.

Nesta conversa com o

ge
,
Danilo não “palestrou”, mas passou por temas complexos. Falou sobre como humanizar a seleção brasileira e as dificuldades em criar conexão com o povo. Também abordou o papel dos jogadores como formadores de opinião e chamou os companheiros a dividirem responsabilidades – algo que, segundo ele, andou faltando.

Focado no presente, mais precisamente na Copa América, Danilo se permitiu falar brevemente sobre o futuro. Reforçou o compromisso em ficar pelo menos mais um ano na Juventus, mas

deixou clara suas prioridades caso volte ao Brasil: Flamengo e Santos

.


Recentemente, viralizaram nas redes sociais trechos de discursos que você fez no vestiário da Seleção antes de amistosos. Como você se prepara para esses momentos?


– Eu procuro sempre humanizar aquilo que eu falo. No futebol a gente tem a mania de falar muito generalizado as coisas. Eu acho que é muito importante humanizar, falar de forma direta, mandar mensagens diretas, porque realmente toca muito mais quem está ouvindo. Sempre é algo que eu procuro ver antes, saber mais ou menos um cronograma, uma linha do tempo que eu vou seguir durante a fala. Mas claro que a forma como eu falo é a emoção que eu tenho, que me guia naquele momento, eu acho que é aquilo que me faz tocar muito nos jogadores, em quem escuta e também em quem vê de fora, né?


Então você planeja um pouco antes…


– É, é algo que eu tenho assim preparado. Eu sempre sei mais ou menos em que ponto eu quero tocar, quais são as histórias que eu quero contar, o que eu quero falar, acho que isso é natural quando a gente quer criar uma narrativa nesse sentido. A gente precisa estar preparado, isso é muito difícil de sair de uma forma natural de um momento para o outro.


Recentemente,


você apontou o ex-goleiro Buffon como um modelo de liderança para você


. Poderia explicar melhor por que essa inspiração?


– O Buffon, como eu falei, é o meu principal espelho por dois motivos: primeiro porque, para mim, ele foi o maior da história como goleiro, daquilo que eu já vi, que eu conheço. Entretanto, ele se fazia tão pequeno no dia a dia, mas…


O que a braçadeira de capitão representa para você, Danilo?


– É algo muito sério, né? É a realização de um sonho, sem dúvida, mas é uma responsabilidade. Eu acho que quando você veste a braçadeira de…


Essa postura faz com que outros jogadores venham te elogiando publicamente. Foi assim com Savinho, Bruno Guimarães, Raphinha, entre outros. Como você se sente com isso?


– Eu acho que a coisa que me deixa mais orgulhoso é que isso não tem a ver com eu ter me tornado nesse momento o capitão da seleção brasileira. É…


Você está na Seleção há mais de uma década e jogou como titular na maior parte do último ciclo de Copa. Como pode ajudar nesse momento de transição do Brasil, com mudança de treinador e também de alguns convocados?


– Eu acho que nessa transição a gente tem um papel muito importante, que é ser aberto às novas ideias, às mudanças, realmente a vida é feita disso, você…

– Eu acho que dentro dessa seleção tem muita qualidade, tem muita gente com muito potencial, mas precisa realmente assumir a parte da responsabilidade de cada um…

Danilo, lateral-direito e capitão da seleção, em entrevista ao ge — Foto: Ivan Raupp


Quando fala em repartir responsabilidades, isso é de fora para dentro? Como imprensa e torcida veem cada um dos jogadores da Seleção? Ou também internamente?


– Das duas partes. De fora para dentro sempre foi muito bem marcado, essa questão de responsabilizar…


Qual tem sido a maior dificuldade de vocês nesse processo de mudança?




Eu acho que o que é mais difícil para essa seleção…


Danilo, você é muito estudioso, tem o projeto Voz Futura, é um cara muito preocupado com essa parte mental. No dia a dia, com essa garotada, já aconteceu de você vir com um papo mais cabeça…



Às vezes eu sou o palestrinha, né? (risos). O que dá palestra. Outro dia os meninos brincaram quando eu fiz a pergunta para o Raphinha, na coletiva, alguns deles falaram “ih, eu não ia saber responder.” Mas, brincadeira à parte…


Essa semana o Mbappé deu uma entrevista na seleção francesa na qual levantou a bola prestem atenção nas eleições, que é importante ver em que vai votar, quais são as plataformas…


– Às vezes, às vezes sim. Eu acho que é importante você falar dos temas que são principais porque nós somos influências para muita gente, nós somos espelho para muita gente. Mas desde que você saiba…


Você tem mais um ano de contrato com a Juventus. Recentemente, houve rumores de que poderia voltar ao Brasil e defender o Flamengo, até por ser um jogador muito querido pelo Tite. Você já tem uma ideia do que pensa em fazer no futuro?



A minha família é toda flamenguista, é uma loucura. Toda vez que tem jogo do Flamengo, Libertadores, todas essas coisas, o…

– Nesse momento, como você falou, eu tenho contato com a Juventus garantido até 2025, podendo ter mais um ano de extensão. E muito mais de eu falar que eu estou muito feliz na Juventus, que eu me sinto realizado, tem a ver com…

– Estou planejando ainda aquilo que vão ser meus próximos anos como jogador de futebol. Não quero jogar até muito tarde, sempre falei isso. Dois ou três anos é o máximo que eu quero jogar…



No jogo contra a Inglaterra, eu falei antes sobre isso…

– Muitas vezes a gente dá muito a impressão de que a nossa vida é muito distante daquilo que é a realidade do povo brasileiro. Ou a gente não mostra que a gente veio também dessa realidade. Então esse é o nosso papel…

– Na verdade, a minha fala foi mal colocada. Ele foi um equívoco, um erro meu. Às vezes a gente cobra a interpretação alheia, mas também se você falar de uma certa maneira dá margem para várias interpretações…

Fonte: netfla.com.br