Golear o maior rival com atuação convincente, criar muitas chances diante de uma defesa que começou se defendendo bem, e virar um jogo pela primeira vez em cerca de oito meses de trabalho. O Flamengo de Tite deixou uma série de tabus que convivia em segundo plano na vitória por 6×1 contra o Vasco, e de quebra pode terminar a rodada na liderança do Brasileirão.
Ter um trabalho muito mais sólido e longevo que o Cruzmaltino foi fundamental para superar as dificuldades iniciais. A forma como o rubro-negro transformou o jogo a seu favor chamou muito a atenção. Somente com muito conteúdo tático, qualidade técnica e força mental é possível sair de um estágio a outro com tanta velocidade em poucos minutos.
Escalações
Tite manteve David Luiz na zaga e contou com o retorno de Fabricio Bruno. Léo Pereira seguiu como desfalque e Léo Ortiz iniciou no banco. Na lateral-esquerda, Viña atuou na vaga do lesionado Ayrton Lucas. Alan seguiu como primeiro volante. Pulgar foi um dos suplentes.
Já o estreante Álvaro Pacheco montou o Vasco num 5-4-1. Maicon foi o zagueiro mais à direita e João Victor jogou centralizado na última linha. Payet e Rayan fizeram o auxílio defensivo a Lucas Piton e Puma Rodriguez pelos lados.
O jogo
Mesmo em momentos diferentes, Vasco e Flamengo mostraram o motivo da grandeza deste duelo. A 1ª etapa foi interessante. Equipes com propostas diferentes, mas que mostraram-se eficazes em momentos distintos. O rubro-negro logicamente saiu-se melhor por muito mais tempo. Superou um início pouco competitivo e pôs em prática sua maior qualidade em todos os aspectos atualmente.
Os primeiros 15 minutos foram do Vasco. Mais atento e intenso, conseguiu levar perigo para Rossi de formas diferentes. Abriu o placar ao vencer um rebote dentro da área com Galdamés, fruto de lateral cobrado por Puma e finalizado de forma magistral por Vegetti. Tinha a bola direta para o centroavante como principal arma para chegar ao campo de ataque, mas avançou em alguns contragolpes também.
Conseguia proteger bem a sua área. Tinha duas linhas muito compactas. Payet e Rayan iniciando as transições. Do outro lado, o Flamengo fazia pouco para mudar o cenário. Mostrava-se lento e disperso em lances importantes, mas foi crescendo à medida que os minutos passavam. Não demorou para mostrar a superioridade que tem sobre o maior rival hoje.
A mudança foi marcada pelas boas pressões feitas na saída de bola do Vasco e também nas reações rápidas ao perder a posse. O Cruzmaltino começou a se ver sufocado. Sem meios para sair do campo de defesa. Everton Cebolinha passou a desequilibrar pela esquerda. Gérson transitava com qualidade da direita para o meio
Everton por vezes recebia aberto e contava com ultrapassagens agressivas de Viña por dentro ou com as aproximações de Arrascaeta e De la Cruz. Em outros momentos entrava em diagonal na altura do bico esquerdo da grande área, e trocava o posicionamento com o lateral uruguaio. A bola começou a andar mais rápido de um lado a outro, e a virada não demorou a ser construída.
O próprio Everton empatou em chute preciso de fora da área, após precipitação de Maicon e boas pressões de De la Cruz e Arrascaeta. O camisa 11 ainda construiu a bela jogada da virada, oriunda de cobrança curta de escanteio pela direita. Pedro marcou de peito. Pitón e Payet foram extremamente passivos no combate ao ponta rubro-negro.
Tal comportamento, aliás, pautou o Vasco depois de sofrer o empate. Se havia causado letargia ao arquirrival no início do jogo, sofreu do mesmo mal ao perceber o crescimento adversário. No embalo da torcida inflamada e do total controle que tinha, o Flamengo ainda marcou o terceiro em novo escanteio. David Luiz completou com um lindo chute mais uma assistência de Everton Cebolinha.
A trágica segunda metade do 1º tempo ainda ganharia ares de drama para o Vasco com a expulsão de João Victor. Escalado pelo centro da defesa para se postar um pouco mais à frente de Maicon e Léo na saída de bola, mostrou-se nitidamente desconfortável com a missão em alguns lances. Em um deles, foi antecipado por De la Cruz em nova ”pressão alta” rubro-negra e matou a jogada.
Allan já havia deixado o campo com uma lesão no fim da 1ª etapa para a entrada de Pulgar. No Vasco, Álvaro Pacheco sacou Rayan para que Rossi fosse ao gramado. Montou um 4-4-1 para tentar se fechar, mas não houve muito o que fazer. O Flamengo retornou como uma avalanche do intervalo e criou quatro boas chances em 15 minutos. Arrascaeta voltou a marcar depois de três meses.
Pacheco tentou acrescentar mais intensidade defensiva ao time com Paulo Henrique, Zé Gabriel e Praxedes nos lugares de Puma Rodriguez, Sforza e Payet. Nitidamente quis evitar uma goleada histórica, mas não conseguiu. Mesmo num ritmo mais fraco, manteve a imposição e chegou ao 6×1 com naturalidade.
Bruno Henrique concluiu uma linda jogada de Arrascaeta, e Gabigol deu números finais ao confronto ao arrematar após uma bela tabela entre Luiz Araújo e Wesley. Foram 30 finalizações rubro-negras ao todo na partida contra apenas duas do Cruzmaltino. Apenas um dos reflexos de uma acachapante diferença.
Fonte: netfla.com.br