Rondinelli, o ‘Mito da Luta’, foi agredido no primeiro embate da final do Brasileirão de 1980
Por: Mônica Alves e Pedro Paulo Catonho
Antônio José Rondinelli Tobias em sua certidão de nascimento, conhecido como ‘Rondinelli Mito da Luta’ pelos torcedores rubro-negros. Defensor do Flamengo de 1971 a 1981, o ídolo guarda memórias marcantes da final contra o Atlético-MG, adversário do Mengão neste domingo (03), na Copa do Brasil. O zagueiro estava em campo no primeiro confronto da decisão do Brasileiro de 1980, porém, no segundo jogo, acompanhou a partida de uma cama de hospital.
Em uma entrevista exclusiva ao Coluna do Fla, Rondinelli recordou a violência sofrida, que resultou na perda da audição do seu ouvido esquerdo. Além disso, durante a conversa, o ex-zagueiro escolheu qual dupla prefere no atual elenco do Flamengo, trouxe boas lembranças da incrível ‘geração Zico’ e mencionou o chororô do Atlético-MG, que começou há mais de 40 anos e continua até os dias atuais.
AGRESSÃO NO BRASILEIRO DE 80
No dia 28 de maio de 1980, o Atlético-MG saiu vitorioso por 1 a 0, em um jogo com mais de 90 mil espectadores no Mineirão. Entretanto, Rondinelli não conseguiu terminar a partida. Uma cotovelada, ignorada pela arbitragem, afastou o zagueiro não apenas da final, mas também do futebol por dois meses.
— Nesta decisão do Campeonato Brasileiro de 80, fui vítima de uma agressão por parte do nosso saudoso Palhinha, em uma jogada de escanteio cobrada pelo Pedrinho Gaúcho. Antes que a disputa chegasse, recebi uma cotovelada desleal que causou uma lesão séria. Sofri uma fratura no osso do buco maxilofacial, mas, graças a Deus, fui tratado pelo cirurgião Ítalo Lessa, que possibilitou a minha recuperação para poder voltar a abrir e fechar a boca normalmente — afirmou Rondinelli.
— No entanto, perdi completamente a audição do meu ouvido esquerdo. Em relação ao jogo de volta, meus colegas tiveram um gesto muito nobre. Segundo o saudoso Adílio, Tita, liderados pelo nosso maior ídolo Zico, eles escreveram uma carta pedindo para que jogassem por mim, em busca da conquista do primeiro título brasileiro de 1980 diante do Atlético Mineiro — completou Rondinelli, para o Coluna do Fla.
Flamengo deu o troco. Com o Maracanã lotado por 154 mil torcedores, o Rubro-Negro venceu por 3 a 2. Como tinha a vantagem do empate no agregado, conquistou o primeiro título do Mengão no Brasileirão. Contudo, a rivalidade vinda do Atlético-MG para o Flamengo estava apenas começando.
LIBERTADORES DE 81
Rondinelli participou da trajetória que levou o Flamengo ao título da Libertadores de 1981. No entanto, o zagueiro não permaneceu até o fim da competição e não esteve presente nos confrontos contra o Atlético-MG, nos quais os mineiros alegam até hoje terem sido prejudicados pelo árbitro José Roberto Wright. O ‘Mito da Luta’ transferiu-se para o Corinthians. Após uma sequência de agressões, jogadores do adversário foram expulsos ainda no primeiro tempo e a partida teve que ser encerrada por WO.
— É um clássico intenso, entre grandes torcidas, mas eles carregam a desilusão de terem perdido o primeiro Campeonato Brasileiro de 80, devido à polêmica ocorrida no Serra Dourada (em 81). São questões que sempre surgem deles, não é mesmo? Porque o Flamengo conquistou esses títulos de forma justa e eles acreditam que o árbitro, no caso o Wright, prejudicou o Atlético, mas esquecem das agressões nos jogadores do Flamengo, especialmente em Zico, nessas partidas, não é verdade? — comentou Rondinelli.
— Eles carregam esse ressentimento por acharem que são prejudicados pela arbitragem. Mas o que importa é que o Flamengo sabe lidar com essas situações, vamos mais uma vez para cima e conquistaremos agora a Copa do Brasil diante deles — acrescentou o ‘Mito da Luta’.
Além das memórias dos embates dos anos 80, Rondinelli falou com o Coluna do Fla sobre sua experiência na ‘geração Zico’, apontou Léo Ortiz e Léo Pereira como a melhor dupla de zaga do Flamengo atualmente e fez uma breve avaliação do trabalho de Filipe Luís. Confira abaixo outros trechos da entrevista.
DUPLA DE DEFESA PREFERIDA
“Admiro zagueiros que protegem as subidas dos laterais e têm bom posicionamento para interceptar as jogadas dos atacantes. Atualmente, quando estão na zaga, tenho grande apreço pela dupla Léo Ortiz e Léo Pereira. Depois deles, gosto de Fabrício Bruno”.
TRABALHO DE FILIPE LUÍS
“O Flamengo está muito bem comandado por Filipe Luís e sua equipe técnica. Acredito que o Flamengo irá se empenhar nas grandes finais em que estiver presente. Que esses jogadores que atuam sob a direção de Filipe Luís possam representar a nação rubro-negra, que são eternamente os décimos segundos jogadores. E presentear essa torcida com mais um título para encerrar o ano, já que o Brasileirão está bem disputado. Porém, nesta disputa, mais uma vez, nosso querido Flamengo e a torcida rubro-negra sairão felizes, comemorando mais um campeonato”.
RECORDAÇÕES DOS ANOS 80
“Guardo ótimas lembranças da geração Zico, o que me deixa muito feliz. Sempre serei grato a todos os que fizeram parte da minha vida como atleta amador e profissional. Ao lado dessa geração Zico, conquistamos dois títulos na categoria juvenil, grandes conquistas na carreira profissional e é um dos grandes orgulhos ter convivido com a geração Zico, com a excelente direção de Márcio Braga”.
Fonte: colunadofla.com