Skip to main content

É praticamente impossível andar por Manaus e ficar muitos minutos sem ver uma camisa do Flamengo na semana em que o time enfrenta o Amazonas, no jogo de volta entre os clubes pela terceira fase da Copa do Brasil. Maioria absoluta, a torcida rubro-negra residente no estado construiu seu amor acompanhando grandes vitórias à distância, mas, apesar de raras, as idas do clube à terra do Cupuaçu e de deliciosos peixes de água doce reservam saborosas lembranças.

+ Escalação do Flamengo: Matheus Cunha e Léo Ortiz serão novidades contra Amazonas; Pulgar não joga

Assim como 47% dos amazonenses, Garrincha era torcedor do Flamengo na infância. Isso é o que garante Elza Soares, sua companheira na maior parte dos 49 anos de vida. Quando se tornou jogador de futebol, porém, transformou-se no principal nome da história do Botafogo. A impensável passagem do Anjo das Pernas Tortas pela Gávea foi acontecer no fim de 1968, já aos 35 anos e em condições técnicas que nem lembravam o craque que assombrou o mundo nas Copas do Mundo de 58 e 62.

Ainda que a efêmera passagem pelo Flamengo – composta por 19 jogos e apenas quatro gols – não tenha deixado saudades nos rubro-negros, a participação de Garrincha em solo manauara constituiu uma fagulha de esperança.

Em 2 de fevereiro de 1969, em apenas seu sétimo jogo com a camisa que vestia quando pequeno, Garrincha abriu o placar da vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Fast Club, no Estádio da Colina. Embora se tratasse de um simples amistoso, a boa atuação rendeu ao gênio uma capa de jornal no “O Globo” do dia seguinte e uma extensa reportagem.

Garrincha, o segundo da esquerda para a direita, foi capa de “O Globo” no dia seguinte ao amistoso com o Fast — Foto: Acervo O Globo

Confira o relato da partida com Garrincha mais uma vez em evidência em matéria de “O Globo” — Foto: Acervo O Globo

O Flamengo já levantou quatro troféus em Manaus, mas o mais marcante deles sem dúvidas é o da Copa Ouro, título oficial reconhecido pela Conmebol. O Rubro-Negro entrou como “intruso” na edição de 1996. O Independiente, campeão da Supercopa dos Campeões da Libertadores do ano anterior, desistiu. O Rubro-Negro, vice, juntou-se a Grêmio, São Paulo e Rosario Central.

A torneio de tiro curto foi todo disputado no Estádio Vivaldo Lima, onde fica atualmente a Arena da Amazônia. O Flamengo tirou o Rosario na semifinal com vitória por 2 a 1 e levantou a taça com um show de Savio no triunfo por 3 a 1 sobre o forte São Paulo. O Anjo Louro da Gávea fez os três gols rubro-negros (veja acima).

Ronaldão, capitão do time, levanta um troféu, enquanto Aloísio Chulapa ergue outro — Foto: Reprodução

Em 2015, o Flamengo conquistou mais um título em cima do São Paulo, esse porém totalmente simbólico. Com vitória por 1 a 0 e gol de Samir, o Rubro-Negro faturou o Torneio de Verão de Manaus Super Series. No primeiro jogo, Everton marcou no triunfo por 1 a 0 sobre o arquirrival Vasco.

Além desses dois troféus, o Flamengo ganhou a Taça Pedro Pinto Nery, em 1966, com goleada por 6 a 0 sobre o São Raimundo. Dez anos depois, levou a Taça Prefeitura Municipal de Manaus ao vencer uma seleção local por 2 a 1.

Num estádio onde Zico e Romário já marcaram pelo Flamengo, um gol à época nada casual aconteceu em 27 de fevereiro de 1997, quando o Nacional recebeu os rubro-negros em partida válida pela segunda fase da Copa do Brasil.

Zé Carlos fechou o placar para o Flamengo no Vivaldão, estádio que foi demolido para construção da Arena da Amazônia — Foto: Acervo O Globo

À época, uma vitória por dois gols de diferença eliminava a realização da partida de volta. Com o placar resolvido em 5 a 2, a torcida presente ao Vivaldão (hoje Arena da Amazônia), gritou o nome de Zé Carlos. Provavelmente embalada pelo paraguaio Chilavert e por Rogério Ceni, que 12 dias antes havia marcado o seu primeiro gol como profissional, a massa rubro-negra fez o coro e foi atendida.

Ídolo da torcida e goleiro de Copa do Mundo, o Zé Grandão bateu pênalti com estilo. A bola morreu no canto direito, e o colega de posição Bernúcio caiu para o outro. Na época, em reportagem publicado pelo jornal “O Globo”, Zé afirmou que queria se tornar o terceiro batedor do time, ficando atrás apenas de Savio e Romário. O pedido, porém, não foi atendido.

Zé Carlos afirmou que queria ser o terceiro batedor do Flamengo — Foto: Acervo O Globo

Campeão brasileiro pelo Flamengo em 1987, da Copa do Brasil em 1990 e três vezes do Carioca, Zé Carlos morreu em 1997 devido a um câncer.

Palco de gols de gênios como Zico, Garrincha e Romário e até de goleiro, Manaus é terra fértil para vitórias do Flamengo. Em 42 partidas, o clube venceu 25, empatou 11 e perdeu seis. Com muitas goleadas aplicadas na capital do Amazonas, a média de gols rubro-negra supera dois gols por partida (92 marcados).

Para tentar mais um capítulo feliz para uma torcida que tem mais da metade da torcida do estado – em pesquisa divulgada pelo Ipen (Instituto de Pesquisa do Norte, os flamenguistas têm 47,9% e o segundo colocado do levantamento são pessoas que não torcem para time nenhum (19,8%) –, o Flamengo enfrenta o Amazonas nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), na Arena da Amazônia. Após vitória por 1 a 0 no Rio, os cariocas jogam pelo empate.

Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv

Fonte: netfla.com.br