Como o próprio Tite assumiu após a partida, a vitória do Flamengo por 4 a 0 contra o Bolívar, a segunda consecutiva, representa apenas o início de uma retomada da equipe da boa fase. “Parcial” foi a palavra utilizada pelo treinador. No entanto, pode-se dizer, depois dos jogos contra os bolivianos e o Corinthians, que há no rubro-negro uma notória diferença na forma de jogar, com maior liberdade para movimentação e aproximação dos homens da frente. Dentro desse modelo mais associativo, que potencializa o estilo de jogo dos qualificadíssimos jogadores que o time tem, principalmente do meio para frente, talvez quem melhor represente essa virada de chave é o capitão Gerson.
Meio-campista de origem, o coringa, como ficou popularmente conhecido pela capacidade em desempenhar diversas funções, deu nova cara ao time nas últimas partidas ao jogar na posição de ponta-direita. No entanto, com característica diferente das de Cebolinha, por exemplo — mais agudo, o camisa 11, que joga pela esquerda, é outro que tem sido fundamental para Tite —, Gerson tem feito a engrenagem da equipe rodar bem justamente pelo seu estilo armador e flutuador.
— Posição e função são situações diferentes. Gerson é um articulador que faz a posição de atacante, mas é essencialmente um jogador de meio-campo que chega na frente. Então, se olhar em função, é um 4-4-2. Cebola e Pedro são mais agressivos, e ele trabalha como jogador de flutuação pra ter refino, posse e jogada combinada. O Gerson é a terceira vez que dá sequência com Nico. Esse engrenagem vai se moldando. É a primeira vez com Arrasca, talvez não tenha tido com Pulgar. Vemos a importância da equipe ter tempo. Ela vai encontrando seus links e suas formas — explicou Tite.
Na derrota por 1 a 0 para o Palestino na quarta rodada da Libertadores, Cebolinha, que havia acabado de retornar ao time de lesão, analisou que um dos fatores que estavam prejudicando o Flamengo era a pouca aproximação dos jogadores de frente. Estático dentro do jogo posicional de Tite, o time era previsível e completamente dependente das jogadas individuais dos pontas, já que não conseguia furar as defesas adversárias com movimentações e passes rápidos. Acontece que nas duas últimas partidas, contra Corinthians e Bolívar, foi exatamente isso que aconteceu. Tal fato foi comemorado por Cebolinha.
— Acho que são jogadores que as características proporcionam isso, um jogo de toque de bola, mais curto. São jogadores que tem a capacidade de flutuar entrelinhas e trocar de posição entre si. Creio que, por ter essa característica, nosso jogo fica mais aproximado. Facilita ter sempre o companheiro perto para dar apoio, e hoje foi a prova disso — falou.
Ainda assim, é bem verdade também que o contexto das duas partidas facilitou a melhora do Flamengo. Afinal, a equipe atuou duas vezes seguidas no Maracanã. Agora, para a equipe confirmar a “retomada parcial” citada por Tite, o desafio é repetir o desempenho e as dinâmicas quando o time atuar longe dos seus domínios e da sua torcida.
— Como a gente pega a ideia da equipe? É quando dá o tiro de meta, você vê se ela volta ou fica lá. Nós em todos os 40 jogos que estou aqui, quando pedi para jogar em marcação média? Nenhum. A diferença é que é uma equipe que se propõe a sair jogando (o Bolívar), e outras quebram o tiro de meta para o campo adversário. Hoje, colocaram cinco e um sexto jogador, quando a gente estourava a primeira pressão, terminava lá dentro. Às vezes, o atleta ou o técnico está inspirado, às vezes, não. Mas a ideia é a mesma — disse Tite, confirmando que a ideia é manter a mesma forma de jogar.
Ainda assim, o Flamengo ainda terá mais um jogo em casa antes de atuar fora do Rio de Janeiro. Com o adiamento das duas próximas rodadas do Brasileirão, a equipe volta a campo apenas na terça-feira (21), contra o Millonarios, pela sexta e última rodada da fase de grupos da Libertadores. Só na semana seguinte o rubro-negro viajará para enfrentar o Amazonas, pela Copa do Brasil.
Fonte: netfla.com.br